sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Resenha - Valiant

Valiant - Resenha


Editora: Rocco
Autora: Holly Black
Título Original: Valiant, A modern tale of faerie
Páginas: 205
  Avaliação: ★★★★★

Literalmente, com esse livro, o ditado se concretizou. Não se deve julgar um livro pela capa.

Porque, convenhamos, não é a capa mais linda nem a mais chamativa do mundo. Ela até tem a ver com a história, mas nem tanto. Mas falando com sinceridade, o conteúdo é tão bom, que a capa não se tornou problema nenhum. 


Fadas não existem, certo? Bem, pelo menos era isso que pensava Valerie Russel, uma garota de dezessete anos até então parecida com muitas outras que existem por ai. Isso até resolver fugir de casa e ir morar com alguns jovens de rua nos túneis do metrô de Nova York. Logo, Val irá perceber que seus novos amigos são alguns dos poucos humanos que sabem da existência de um universo fantástico, repleto de seres encantados e magia, onde Val terá um papel muito importante a cumprir.


Como pode ser notado, o livro trata de alguns assuntos polêmicos. Drogas, traição, a vida nas ruas. Esse livro tem a temática voltada para as Fadas, os seres Encantados. Mas já deu para observar que o jeito que o tema é abordado não é nem um pouco "encantador". Isso porque a maioria das pessoas prejulgava os livros "de fadas" por julgarem um tema muito infantil ou muito feminino. Mas esse é o ponto. É totalmente o contrário. Os seres encantados são cruéis, maldosos e ardilosos, eles tem, certas vezes, a aparência grotesca, gostam de brincar e de jogar com os sentimentos humanos. 

Valiant, acima de tudo, é um livro que quebra esse conceito. É narrado em terceira pessoa, ampliando o ângulo de visão de cada personagem. É sombrio, misterioso, um livro que retrata uma protagonista perdida, sem rumo, se sentindo traída por quem mais confiava. E conta como essa protagonista magoada conhece a magia, a verdade sobre esse mundo das fadas, que se mostrava tão sombrio quanto seu próprio mundo. 

Aliás, a protagonista é um forte ponto a favor do livro. Valerie é uma garota normal, tem um namorado de que gosta, uma melhor amiga meio gótica e uma mãe metida a adolescente. E num piscar de olhos, consegue ser enganada pelas três principais pessoas de sua vida. A raiva e a angústia dela se fazem presentes boa parte do livro, motivo que a levou ao extremo, a sair de casa e raspar os cabelos. A raiva de Valerie se mostra o fator principal do livro, eu diria.

Os personagens secundários são muito bem trabalhados. Cada um tem uma forte participação no livro, principalmente os três moradores de rua que convidam Val a juntar a eles. Loli, Dave e Luis vivem pelos túneis do metrô de NY, túneis que levam a um tipo de "covil" de um troll. Uma criatura mágica, com pele


esverdeada e cabelos negros. E eis o nosso mocinho, o par romântico de Val (Que não chega a ser de cara um romance, mas sim uma atração, digamos). 

Sim, um troll verde. Um ser encantado que também magoou e foi magoado, e por isso está vivendo na cidade, no meio do ferro. O ferro, que aliás, é um veneno para os seres encantados. E o caso é esse, os seres encantados que vivem na cidade estão morrendo, e de alguma forma, os olhares se voltam para Ravus (o troll, que também faz remédios contra o veneno do ferro), e ele passa a ser o principal suspeito das mortes.


Valerie faz um acordo com o troll, ela trabalhará para ele, entregando os remédios aos seres encantados, por ter invadido seu covil. Ravus de início, parece mais um monstro troglodita que assusta todo mundo. Mas com o passar do livro, ele se mostra cada vez mais gentil e cada vez mais mostra porque é tão solitário e melancólico. 

Val também descobre um tipo de droga que serve de alimento para os encantados, mas que se usado em humanos, concede um certo poder. O "Nunca Mais". Viciada nessa sensação de fuga da realidade, ela põe em risco até mesmo sua amizade com Ravus, e para reconquistá-la ela precisará, literalmente, buscar de volta seu coração.

O livro mostra tanto o amadurecimento da personagem principal quanto de todos os outros. Amadurecimento ou retrocesso. Holly Black escreve de um jeito que não pode ser descrito em poucas palavras, por que de alguma forma, a narrativa sem rodeios, sem máscaras, nos faz adentrar no livro, entender os personagens.
Valiant é muito mais que uma capa. É fácil de gostar. É fácil entender. 

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